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O primeiro encontro

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Mensagem por Mister I. Qua 17 Dez 2014, 20:23

O primeiro encontro


     Eu nunca imaginei que iria ao meu primeiro encontro de minivan.
     Claro, eu gostava muito da minivan azul-escuro da família, mas dava preferência ao utilitário Kia do meu pai. Porém, naquela noite, ele tinha saído com o sedã. Como eu tinha que ir a um restaurante chinês do outro lado da cidade, tratei de imaginar que estava em um carro esportivo ouvindo rock'n roll numa altura de estourar os tímpanos e dirigindo lentamente para que os passantes ouvissem a potência da acústica do som do meu carro, usando um traje de gala e óculos escuros de marca.
     Só que na realidade eu dirigia uma minivan comum apressadamente, porque estava um pouco atrasado. A música que tocava era do primeiro álbum de Tracy Chapman, o volume bem baixo, e era quase de dar sono. Eu simplesmente não me importara em trocar, afinal o CD era da minha mãe. E, claro, eu estava vestido de maneira tradicional para o compromisso: calça jeans, tênis casuais e uma camiseta social de malha cáqui.
     O meu primeiro encontro não era bem o meu primeiro encontro. Quer dizer, eu já tinha saído com algumas garotas, mas sem formalidades. Eram colegas de classe, amigas do bairro ou garotas que eu conhecia em alguma festa caseira. Mas dessa vez era diferente – eu tinha um encontro de verdade com a garota mais descolada do colégio.
     Tryna Hugson era o tipo de garota que merecia o prêmio Nobel da perfeição. Fisicamente, ela era linda: alta, esbelta, a pele dourada de bronzeamento, cabelos grandes, lisos e pretos. Ela nunca usava maquiagem e mesmo assim deixava a todos boquiabertos. Como se não bastasse Deus ter monopolizado tanta beleza em uma pessoa só, Tryna era um gênio. Só tirava notas altas. Venceu três vezes a feira de ciências. Era chefe das líderes de torcida do time de futebol e presidente do grêmio estudantil.
     Em suma, ela era muita areia para o meu caminhão.
     Como eu tinha feito para sair com ela? Até agora eu não sabia ao certo. Ela simplesmente me parou no corredor da escola e perguntou se eu queria comer algo no sábado à noite. Então nós trocamos nossos números de telefone e combinamos de comer chinês. Antes daquilo, nós nunca tínhamos nos falado, a não ser eventualmente em algumas aulas que tínhamos em comum.
     Eu imaginei que poderia ser um trote. Tinha quase certeza de que era um trote, que eu chegaria e me depararia com uma mesa vazia. E aquilo seria uma humilhação enorme, além de uma perda de tempo. Mas, se eu não arriscasse, se não fosse ver se Tryna Hugson realmente queria sair comigo, então eu seria um completo idiota.
     Imagino que todo garoto que está a caminho do seu primeiro encontro fica ansioso, pensando no que falar e imaginando o que acontecerá no decorrer do tempo. No meu caso era ainda pior porque eu estava saindo com alguém que eu conhecia havia anos, mas não passava de um simples espectador de sua vida. Não sabia nada sobre ela.
     Está aí uma ótima oportunidade para fazer perguntas sobre a vida dela, pensei.
     Pedi aos céus que ela não fosse aquele tipo de menina que espera o homem fazer perguntas e não toma iniciativa para nada.
     Não. Tryna parece ser alguém interessante.
     Outro dilema que passava pela minha cabeça era o primeiro beijo. Aquilo era uma faca de dois gumes. Nunca se sabe se é recomendado tentar beijar a garota no primeiro encontro. Ela pode achar muito pretensioso. Mas se não tentar, ela pode achar que não tem iniciativa. Eu realmente deveria ter lido um manual feminino antes de sair, talvez uma daquelas revistas da minha mãe.
     Eu mal tinha percebido que já tinha chegado ao restaurante. Estacionei o carro na primeira vaga livre que achei, respirei fundo e saí.
     O que tiver que ser, será.
     Dei uma última olhada no meu celular e pus no silencioso, porque não queria ser atrapalhado. Eu estava nove minutos atrasado, o que era elegante, porque significava que eu não estava ridiculamente ansioso nem estupidamente nervoso. Era um atraso cheio de estilo.
     Assim que passei pelo limiar da porta, vi a mesa que tínhamos reservado. Estava vazia, como eu tinha imaginado.
     Bem, qualquer um pode se atrasar.
     Mas no fundo, eu não imaginava que Tryna Hugson pudesse.
     Tentei me acalmar e me convencer de que não era um trote. Eu estava sendo um maníaco. Ela chegaria a qualquer momento, radiante como sempre, e nós desfrutaríamos de um jantar chinês maravilhoso.
     – Senhor? – inqueriu o garçom.
     – Morris – respondi.
     – Sua mesa é por aqui, senhor Morris.
     Ele me guiou até a mesa solitária no canto do salão. Dois pratos, talhares e um par de velas esperavam o casal que supostamente comeria ali naquela noite.
     – Deseja fazer o pedido, senhor? – perguntou o garçom assim que me sentei.
     – Não, obrigado. Vou esperar mais um pouco.
     Enquanto ele se afastava, tentei não pensar que ela não viria e me concentrei no sotaque nítido do garçom, apesar de sua aparência asiática. Comecei a treinar meus melhores sotaques estrangeiros porque é sempre bom fazer uma garota rir quando meu celular vibrou no meu bolso.
     Pode ser ela.
     E de fato era. Tyna Hugson tinha me mandado um SMS.

     Ei Tev. Desculpa por isso mas não vai dar hoje. Meus pais me barraram e puseram de castigo.
     Fica para uma próxima, o.k.?

     Tryna


     Li a mensagem três vezes até entendê-la completamente. Pelo menos não foi um trote. Tryna Hugson realmente queria sair comigo, e ter convicção daquilo bastava para eu não me irritar com todo o trajeto de volta e o trânsito até em casa. Tinha valido a pena ir até ali.
     – Com licença, senhor.
     O garçom estava em pé do meu lado, segurando um pedaço de papel.
     – Aquela moça ali do lado pediu que eu lhe entregasse isso.
     Abri o papel com curiosidade e li.

Eu também estou desacompanhada. Quer jantar?


     Sem acreditar, olhei para a mesa onde estava sentada a cliente que o garçom indicara. A garota era ruiva, baixinha e tinha umas sardas no rosto, mas bem bonitinha. Devia ter minha idade. Não se comparava nem de longe com a Tryna Hugson. Nem mesmo fazia meu tipo. Mas, bem, eu tinha ido até ali, tinha uma reserva e estava com fome, então por que não?
     Foi assim que conheci minha esposa, a mãe dos meus filhos.
Mister I.
Mister I.
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